segunda-feira, julho 31, 2006

Just do Bin.

No lixo o cio
em anticristo espia da gaveta
sombras nos olhos
uma uzi na panela
no microondas o biquíni

Quando então os gênios do vento fecham suas portas
e
caminhões labutam léxicos novos
descendo a garganta até as árvores do fundo

Passos no peito
na película a cama
no lodo a dama
e o cadarço fechando o pescoço

– um despenhadeiro de isqueiros vermelhos –

na rua o osso.

quinta-feira, julho 20, 2006

Dentro da noite.

O bebê chorando
a mulher chorando
a gata no cio

– o cão na lua –

a certeza de que uma verdade dolorosamente bela acontecia dentro da noite

[mas você jamais estaria lá].

segunda-feira, julho 10, 2006

Samba 747.

Lua eclipse de janeiro
Quem vai atirar primeiro?
À mesa, os dedos num samba
No batente é que se suicida

Conselho de um marinheiro
De dentro do casaco de lã:
Quando não se quer mais nada
Melhor procurar a saída

Ir e não voltar nunca mais
Está bem mais perto do que o cinzeiro

Uma nuvem celacanto vem
Engole a lua antes que suma
Gatos passeiam na mesa
Alguém assobia Greensleeves

Vento frio, o som de um avião
Um halo de luz, a nuvem saiu
Nem sempre se pode esperar
Que o escuro te lave e te leve

Ir e não voltar nunca mais

Está bem mais perto do que o cinzeiro.